segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Miguel Haddad observa área em que apartamentos
vão tomar o lugar dos barracos (Foto: Divulgação)

Sem nenhum roubo registrado em 2010, de acordo com dados policiais, os barracos desaparecem aos poucos para dar lugar a casas de alvenaria e apartamentos (36 estão em construção e outros 108 com verbas liberadas). Há água, luz, internet, cursos.

Antigamente, pensar na Vila Ana dava até arrepios. Hoje, a favela vai ficando no passado e abre a perspectiva de um novo bairro.

De líder em apreensões de drogas ao atual 4º lugar, a vila já não traz mais tantos problemas para a polícia - foram 15 flagrantes de tráfico registrados em 2010, em uma queda vertiginosa nos últimos anos.

O investigador R.M., da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), diz que a Vila Ana passa por um processo de transformação que partiu dos próprios moradores.


“Quase não se vê ladrões por lá. O problema do tráfico existe, mas diminuiu muito porque as crianças são bem assistidas e os traficantes têm dificuldade em recrutá-las, diferente de outras favelas”, diz.

AÇÃO ARTICULADA
A mudança é atribuída a ações sociais dos moradores, com participação da Prefeitura de Jundiaí, do Senac, das pastorais e de voluntários.

Marici com suas alunas e uma plateia orgulhosa (Foto: Divulgação)
“As crianças pesquisam e escrevem poesias, contagiam os pais e fazem bem para sua autoestima ao subirem no palco”, diz Marici Nicioli, professora de teatro na faixa etária de 6 a 12 anos do pioneiro projeto Oficina Germinar, da Secretaria de Cultura, que também envolve música, dança, capoeira, artes plásticas e artes visuais.

Mais recentemente, o Senac trouxe métodos como o diagnóstico participativo, feito por uma rede social dos próprios moradores.

“Primeiro aprenderam sobre outros lugares, como o Bixiga, em São Paulo, que tiveram uma revitalização do bairro. Depois passaram à prática no seu próprio bairro, com nosso apoio”, diz o técnico Robert Gabriel dos Anjos, que acompanha o grupo de 15 moradores que fez cursos de gestão de projetos sociais na unidade Jundiaí (com princípios de desenvolvimento local e agenda 21). Uma possibilidade é um mapa do bairro como só seus moradores podem fazer.

Outras atividades como corais, pelas Pastorais Católicas, fazem parte desse processo de conscientização.


“Se todos param de reclamar e colocam a mão na massa, a coisa muda para melhor”, diz a atriz e professora.

Embora com pouca visibilidade, a cooperação entre entidades mostra seu potencial nessa virada.

Segundo a polícia, nenhum roubo foi registrado em 20010 na Vila Ana e o tráfico de entorpecentes, que em 2008 liderava o ranking, caiu, enquanto a modalidade criminal cresceu 30% na cidade.

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